Abin paralela: lista de autoridades e jornalistas espionados na gestão Bolsonaro
De acordo com as investigações da PF, diálogos entre os investigados Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet indicaram “possíveis ações clandestinas” contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, com o objetivo de levantar suspeitas sobre a credibilidade do sistema eleitoral. Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet foram alvos de mandados de prisão durante operação nesta quinta-feira. Por exemplo, em relação a uma investigação relacionada a Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do ex-presidente, a PF verificou o monitoramento de Allan Lucena e Luís Felipe Belmonte.
Segundo a PF, foi possível identificar atuação do deputado Alexandre Ramagem – que, na gestão Jair Bolsonaro, chefiou a Abin – para abrir um procedimento administrativo contra auditores da Receita Federal, com o objetivo de anular a investigação contra Flávio Bolsonaro e retirar os servidores da Receita de seus cargos. São alvos dos mandados de prisão e de busca e apreensão: Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozzer, Rogério Beraldo de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet, Giancarlo Gomes Rodrigues. Há ainda buscas contra outros dois investigados: José Matheus Sales Gomes, Daniel Ribeiro Lemos.
Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Isso, porque a Operação Última Milha começou a partir das investigações do inquérito das fake news. Na decisão, Moraes também determina que os investigados não podem conversar entre si.
Além dos nomes acima, estão incluídos nessa regra: Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, Carlos Magno de Deus Rodrigues, Felipe Arlotta Freitas, Henrique César Prado Zordan e Luiz Felipe Barros Félix. De acordo com a PF, investigadores descobriram que “membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas”. “A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.
Se as condutas forem confirmadas, os investigados podem ser indiciados pela Polícia Federal e, em seguida, denunciados à Justiça. A PF vê, de forma preliminar, possíveis crimes de: organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações, invasão de dispositivo informático alheio. Naquele momento, também foram presos dois servidores que, por terem conhecimento do suposto esquema, teriam coagido colegas para evitar uma possível demissão: Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky.
O software contratado pela Abin e usado de forma irregular era o FirstMile, comercializado pela empresa israelense Cognyte. Segundo os investigadores, apesar do encerramento formal do contrato em 2021, há indícios de que o uso do sistema se intensificou nos últimos anos do governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.